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Contrato de consignação para brechó – Como fazer?

O contrato de consignação para brechó é um recurso essencial para quem trabalha com moda circular e precisa manter organização e segurança nas parcerias.

A consignação é uma prática muito comum de brechós e que pode ser uma grande aliada para quem está começando ou deseja ampliar o estoque sem precisar investir tanto em novas peças.

Nesse modelo, a dona do brechó recebe roupas de terceiros (fornecedores) para vender e só paga quando a peça é vendida.

É uma estratégia que traz vantagens para os dois lados: quem coloca a peça à venda ganha mais chances de comercializá-la, enquanto o brechó consegue oferecer variedade e novidades sem precisar comprar tudo antecipadamente.

Com mais de 118 mil brechós pelo Brasil, esse modelo de negócio se fortalece cada vez mais, se tornando um dos pilares que sustentam esse crescimento da moda sustentável.

Contrato de consignação para brechó

Mas apesar de parecer simples, esse processo também envolve riscos quando não há clareza nas regras. Sem um contrato formal, podem surgir problemas como:

  • Divergências sobre quem fica com determinada peça;

  • Clientes insatisfeitas por não receberem o pagamento no prazo;

  • Discussões sobre descontos aplicados sem autorização;

  • Atritos na hora de pagar a fornecedora;

  • Dificuldade em comprovar o acordo em caso de disputa.
atrito brechó

Tudo isso gera estresse e pode comprometer a reputação do seu negócio.

É exatamente aí que entra o contrato de consignação para brechó: um documento que protege ambas as partes.

Ao longo deste artigo, você vai entender como estruturar esse contrato e quais pontos não podem faltar para garantir tranquilidade no processo.

O que é um contrato de consignação para brechó?

Um contrato de consignação para brechó é um acordo formal entre a dona de um brechó e a pessoa que fornece as peças (a fornecedora).

Ele estabelece, por escrito, as condições e regras em que os produtos serão deixados no brechó para venda, definindo responsabilidades, prazos e a forma de pagamento.

Em outras palavras, é o documento que garante segurança e transparência para as duas partes.

Vantagens do contrato de consignação

Entre as vantagens de ter um contrato de consignação temos:

  • Redução de conflitos e prejuízos, já que as regras estão claras, evitando mal-entendidos que poderiam gerar conflitos ou até disputas maiores;

  • Relacionamento mais profissional com as fornecedoras;

  • Aumento da confiança de quem entrega as peças para venda;

  • Fortalecimento da reputação do brechó no mercado;

  • Padronização dos processos entre todas as fornecedoras, evitando improvisos e inconsistências.

  • Maior organização e controle sobre o estoque e o fluxo financeiro;

  • Base sólida para o crescimento sustentável do negócio.
Contrato de consignação para brechó

O contrato não é apenas uma formalidade, mas sim uma ferramenta estratégica que te dá tranquilidade e reforça a credibilidade do seu trabalho.

Elementos básicos de um contrato de consignação

Um contrato de consignação bem estruturado deve ser claro, objetivo e fácil de entender.

Para garantir segurança e transparência entre o brechó e a fornecedora, alguns pontos são indispensáveis:

  • Identificação das partes: Inclua os dados completos do brechó e da fornecedora: nome, CPF ou CNPJ, endereço e contatos. Isso formaliza o acordo e evita dúvidas sobre quem são as responsáveis.

  • Descrição detalhada das peças: Liste cada item consignado, incluindo quantidade, tipo de peça, estado de conservação e, se possível, fotos ou anotações de características específicas. Essa etapa protege ambas as partes em caso de divergências.

  • Valor de venda e comissão do brechó: Defina o valor sugerido para cada peça e o percentual de comissão que ficará para o brechó em caso de venda. Também é válido estipular se descontos podem ser aplicados e em quais condições.

  • Prazo da consignação: Determine por quanto tempo as peças ficarão disponíveis para venda no brechó. Esse prazo ajuda a organizar o estoque e define o momento da devolução ou renovação do acordo. O prazo pode variar, mas é comum entre 30 e 90 dias.

  • Responsabilidade por perdas ou danos: Especifique quem será responsável caso uma peça seja danificada ou perdida. Essa cláusula evita discussões futuras e dá mais segurança para ambas as partes.

  • Política de devolução das peças não vendidas: Defina como será feita a devolução, como prazos, comunicação e estado de conservação. Ter isso registrado evita problemas no momento de encerrar a consignação.

  • Forma e prazo de pagamento a fornecedora: Indique como e quando será feito o repasse do valor das peças vendidas. Por exemplo: “até o 5º dia útil do mês seguinte à venda, via pix ou créditos em loja”.

  • Assinaturas e data: Finalize o documento com as assinaturas das partes envolvidas e a data de assinatura.

Esses são os pontos mínimos que um contrato de consignação deve conter.

A partir deles, é possível adaptar e incluir outras cláusulas conforme as necessidades do seu brechó.

Como definir o percentual de comissão?

Definir o percentual de comissão é uma das partes mais importantes do contrato de consignação para brechó.

Com ele, você determina quanto o brechó ficará com cada venda e quanto será repassado a fornecedora.

Esse valor precisa ser justo, mas também deve refletir os custos e a estrutura que o seu brechó oferece.

Na maioria dos brechós, o percentual mais comum é de 60% a 70% para o brechó e 30% a 40% para a fornecedora.

Isso acontece porque o brechó assume grande parte do trabalho: recebe as peças, organiza o estoque, fotografa, divulga, expõe, negocia com clientes e realiza as vendas.

Entre os fatores que influenciam a comissão, temos:

  • Tipo de peça: peças de luxo ou exclusivas podem permitir ajustes no percentual, dependendo do valor de mercado.

  • Custo operacional do brechó: aqueles que oferecem vitrine física, marketing digital e equipe precisam de uma margem maior para cobrir despesas.

  • Serviços extras: se o brechó lava, passa, faz ajustes ou ensaios fotográficos, isso aumenta o valor agregado e justifica um percentual mais alto.

  • Exclusividade da fornecedora: em alguns casos, quando a fornecedora entrega peças muito diferenciadas, pode-se flexibilizar a divisão para manter a parceria.

Exemplos práticos de cálculo de comissão:

Uma peça vendida por R$75, com comissão de 60% para o brechó, rende:

  • R$ 45,00 para o brechó;
  • R$ 30,00 para a fornecedora.

Uma peça vendida por R$75, com uma comissão de 70% para o brechó, rende:

  • R$ 52,50 para o brechó;
  • R$ 22,50 para a fornecedora.

A chave está em deixar o percentual claro e formalizado no contrato, evitando mal-entendidos e garantindo que tanto a dona do brechó quanto a fornecedora se sintam seguras com a divisão.

Contrato de consignação para brechó

Exemplos práticos de contrato de consignação para brechó

A seguir, você verá um modelo simples que pode ser usado como base para a criação do seu contrato.

Ele deve ser adaptado e alterado conforme a realidade do seu brechó e revisado sempre que necessário.

Parte inicial do contrato

Pelo presente instrumento particular, as partes abaixo identificadas:

CONSIGNATÁRIO (BRECHÓ):
Nome/Razão Social: __________________________________________
CPF/CNPJ: _________________________________________________
Endereço: _________________________________________________
Telefone/Celular ____________________________________________
E-mail: ____________________________________________

CONSIGNADOR (FORNECEDOR):
Nome/Razão Social: __________________________________________
CPF/CNPJ: _________________________________________________
Endereço: _________________________________________________
Telefone/Celular ____________________________________________
E-mail: ____________________________________________

Claúsulas

  1. Objeto:
    O fornecedor entrega ao brechó, em consignação, as peças listadas descritas no anexo deste contrato, para exposição e venda.

  2. Prazo de consignação:
    As peças permanecerão em consignação pelo prazo de ____ dias, podendo ser renovado por acordo entre as partes.

  3. Preço e comissão:
    O preço de venda de cada peça será R$ ____ .
    O brechó terá direito a ___% do valor de cada venda, cabendo ao fornecedor o valor restante.

  4. Descontos:
    Somente poderão ser aplicados descontos até o limite de ___%, salvo autorização expressa do fornecedor.

  5. Responsabilidade pelas peças:
    O brechó compromete-se a conservar as peças em boas condições. Em caso de danos, perdas ou furtos, será responsável conforme o valor acordado no Anexo.

  6. Pagamento ao fornecedor:
    O repasse ao fornecedor será feito até o dia ___ de cada mês, referente às vendas realizadas no mês anterior, por meio de [PIX/créditos em loja].

  7. Devolução das peças não vendidas:
    As peças não vendidas deverão ser devolvidas ao consignador no prazo de ___ dias após o término da consignação, em condições semelhantes às recebidas.

  8. Rescisão e penalidades:
    O contrato poderá ser rescindido por qualquer uma das partes, mediante aviso prévio de ___ dias. O descumprimento de cláusulas poderá gerar multa de R$ ____ ou percentual a ser definido pelas partes.

  9. Disposições gerais:
    As partes declaram estar de acordo com os termos deste contrato e assinam em duas vias de igual teor.

Parte final com as assinaturas

Local e data: _________________________

Assinatura do Consignatário (Brechó) _________________________

Assinatura do fornecedor _________________________

Exemplo de contrato de consignação utilizado pela @nomundodalolabrecho

Depois de adaptar o modelo com todas as informações do seu brechó e da fornecedora, a dica é salvar o contrato em PDF. Assim, você garante mais segurança e facilidade de acesso.

E para tornar o processo ainda mais ágil, envie uma cópia do documento também por WhatsApp, além da versão impressa ou digital assinada.

Dessa forma, tanto você quanto a fornecedora terão o contrato sempre à mão, evitando dúvidas ou mal-entendidos no futuro.

7 Erros comuns ao fazer contrato de consignação para brechó

A seguir, estão os principais erros que devem ser evitados ao elaborar esse tipo de contrato:

Contrato de consignação para brechó

1 – Não especificar prazos: Sem prazos definidos, as peças podem ficar “esquecidas” no brechó, gerando acúmulo de estoque, confusão na devolução e desgaste com a fornecedora.
Sempre estabeleça datas claras para exposição, devolução e pagamento.

2 – Omitir responsabilidades sobre perdas ou danos: Se o contrato não deixa claro quem é responsável em caso de dano, furto ou extravio, o problema pode virar um conflito sério.
Essa cláusula deve estar bem definida para proteger ambas as partes.

3 – Falta de clareza sobre comissões e pagamentos: Um dos pontos mais sensíveis é a comissão. Não registrar no contrato qual será o percentual e como o pagamento será feito abre espaço para mal-entendidos e até perda de confiança.
O ideal é detalhar valores, prazos e formas de repasse (ex.: PIX até o 5º dia útil do mês seguinte).

4 – Confiar apenas em acordo verbal: A confiança é essencial, mas depender apenas de promessas verbais é um risco enorme. Sem documento assinado, fica muito difícil comprovar termos combinados em caso de divergência.
O contrato serve justamente para formalizar a relação e dar segurança para todos.

5 – Não entregar uma cópia do contrato para a fornecedora: Parece detalhe, mas sem cópia assinada, a fornecedora pode alegar desconhecimento dos termos, dificultando a consulta e comprovação depois.

6 – Não revisar o contrato periodicamente: manter o mesmo modelo por anos sem atualizar prazos, percentuais ou condições pode gerar injustiças ou não refletir mais a realidade do brechó.

7 – Falta de controle sobre a consignação: Um erro muito comum é não ter um sistema de controle eficiente para gerenciar as peças consignadas. Sem registro adequado, é fácil perder o rastreio de quais peças entraram, quais foram vendidas e quais os valores de pagamentos pendentes.
Utilizar sistemas especializados para brechós, como a 2Cabides, ajuda a profissionalizar o brechó e a evitar erros e prejuízos.

Controle consignacao 2cabides
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Evitar esses erros é simples: basta usar um contrato claro, objetivo e adaptado à realidade do seu brechó. Assim, você protege seu negócio, mantém boas parcerias e transmite mais profissionalismo.

Conclusão

O contrato de consignação não é apenas um documento, ele é uma ferramenta de profissionalização e proteção para o seu brechó.

Com ele, você evita conflitos, organiza melhor suas parcerias e transmite confiança para quem confia peças ao seu negócio.

O contrato mostra que o seu brechó leva a sério cada detalhe da operação, fortalecendo sua reputação e criando uma base sólida para o crescimento sustentável.

É importante lembrar que não existe um modelo único. Cada brechó pode (e deve) adaptar o contrato à sua realidade, de acordo com o tipo de peça, perfil das fornecedoras e estratégias de venda.

Se você ainda não utiliza um contrato ou trabalha com um modelo muito simples, este é o momento ideal para revisar ou implementar o seu.

Quando um brechó trabalha com contratos bem feitos, ele ganha mais do que organização: ganha respeito, confiança e espaço para crescer.

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